Mecanismo de Ação | amanitamuscaria

Mecanismo de Ação[1][3][4]

As toxinas são então as responsáveis pela ação psicotrópica característica da Amanita muscaria.

Mas por que mecanismo ocorre esta ação? Como é que surgem os efeitos?

De uma forma geral, os efeitos observados devem-se à similiridade que as toxinas têm com alguns neurotransmissores do organismo.

O ácido Iboténico é estruturalmente similar ao ácido glutâmico (ou glutamato), um neurotransmissor excitatório que atua nos recetores ionotrópicos, localizados nos canais iónicos proteicos como o recetor N-metil-D-aspartato (NDMA). Estes recetores estão relacionados com a aprendizagem, memória e desenvolvimento neural. Está ainda associado à epilepsia e à lesão neuronal, que se segue a acidentes vasculares isquémicos, traumas cerebrais e outras condições de reduzia disponibilidade de oxigénio.

Sendo assim, o ácido iboténico é um poderoso agonista dos recetores do N-metil-D-asparto (NDMA).

Já a estrutura do muscimol aproxima-se do ácido gama-aminobutírico (GABA), um neurotransmissor inibitório do Sistema Nervoso Central que atua nos recetores GABA. A estes recetores está associada a redução da ansiedade, proteção contra crises convulsivas e indução do sono.

Devido à semelhança estrutural com o neurotransmissor, como se pode ver na imagem, o muscimol apresenta uma elevada afinidade para os respectivos recetores.

Estruturas químicas do ácido glutâmico (A) e do GABA (B)

A B

Nesta figura, podemos ver as estruturas químicas 3D do GABA e Muscimol sobrepostas. As duas estruturas apresentam semelhante alinhamento dos átomos. A flexibilidade conformacional do GABA e a estereoquímica do bioisostero análogo - o muscimol - permitem que tenham afinidade similar para os recetores GABA.

Devido à sua semelhança estrutural, estes compostos vão mimetizar a ação dos neurotransmissores envolvidos no controlo da atividade neuronal do Sistema Central, nomeadamente nos neurónios da medula espinal, interferirindo assim com a transmissão do sinal químico entre os neurónios.

A atuação dos compostos nos respetivos recetores vai afetar a normal transmissão da informação química, tendo consequências na fisiologia normal do organismo e, consequentemente, provocando efeitos no indivíduo.